A Integração da Medicina Tradicional Chinesa no SUS

Participar do Programa Preliminar de Treinamento em Acupuntura e Massagem em Medicina Tradicional Chinesa (MTC) foi uma oportunidade inestimável de crescimento profissional. Ao integrar um grupo seleto de profissionais do SUS e colegas especialistas em Acupuntura e MTC, ampliei minha visão sobre a importância da presença da MTC no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, uma referência mundial em saúde pública. Contudo, essa experiência também destacou um grande desafio: a regulamentação da profissão de acupunturista e de outros profissionais de MTC, um tema central para todos que se dedicam ao aprimoramento dessas práticas.

Duque de Caxias: Um Exemplo Inspirador para a Integração da MTC no Brasil

O município de Duque de Caxias, RJ, tornou-se um modelo para a implementação da MTC no SUS. A criação de um Centro de Referência em Medicina Tradicional Chinesa permitiu mais de 16.000 atendimentos em 2023, oferecendo tratamentos que vão desde acupuntura até fitoterapia. Esse modelo de sucesso demonstra como a MTC pode ser uma ferramenta essencial para a saúde pública brasileira, com tratamentos menos invasivos e mais acessíveis para a população.

Instituições como o SUS estão cada vez mais abertas à integração de práticas da MTC, o que valoriza o trabalho de profissionais que, assim como eu, buscam constante aprimoramento. Minha formação em acupuntura e MTC me permite atuar de forma eficaz em tratamentos de saúde integrativa. É crucial que o sistema de saúde brasileiro reconheça e aproveite essa expertise para o benefício de todos.

A Importância da Regulamentação para Profissionais de MTC

Atualmente, a regulamentação da profissão de acupunturista e da MTC como um todo ainda não é uma realidade no Brasil. Isso cria obstáculos significativos para profissionais que, mesmo altamente qualificados, enfrentam barreiras para serem plenamente reconhecidos no SUS. Embora a acupuntura seja validada no SUS, a regulamentação como profissão de nível superior está em discussão há décadas, enfrentando desafios políticos e institucionais.

A falta de regulamentação não apenas afeta os profissionais, mas também limita o potencial do SUS de incorporar mais especialistas em MTC, que poderiam somar significativamente à saúde pública. Promover essa regulamentação garantiria um atendimento de qualidade e ampliaria o acesso a terapias que podem impactar positivamente a saúde da população, especialmente no tratamento de doenças crônicas e no bem-estar mental.

É preciso findar o corporativismo médico em relação à MTC e, de fato, promover a integralidade no campo da saúde. Vi como isso acontece de forma fluida nos hospitais da China, onde as medicinas ocidental e oriental se integram e complementam, criando um verdadeiro equilíbrio yin e yang.

Defendo não apenas a regulamentação da acupuntura, mas da profissão de Medicina Tradicional Chinesa como um todo, que abrange diversas técnicas complementares: fitoterapia, dietoterapia, práticas corporais como TaiChiChuan e Qigong, moxabustão, tuiná, ventosa, e tratamentos por microssistemas como auriculoterapia e craniopuntura. Isso possibilita um tratamento holístico e completo.

A regulamentação dessa profissão no Brasil é uma necessidade urgente para que o sistema de saúde possa incorporar uma abordagem mais abrangente e eficaz, integrando profissionais de MTC no SUS para o benefício tanto dos pacientes quanto dos próprios profissionais. A Medicina Ocidental e a Medicina Chinesa, embora distintas, se complementam, e sua integração no sistema público revolucionaria a saúde no Brasil.

Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia: Pioneiros na Expansão da MTC

Além de Duque de Caxias, outros estados brasileiros estão na vanguarda da implementação da MTC no SUS. Em Minas Gerais, o IFMG se destaca com cursos de Tuiná, Auriculoterapia, além de práticas corporais como TaiChiChuan e Qigong. O professor Marcello Giffone, que há anos promove aulas de TaiChiChuan no Parque Municipal de Belo Horizonte, oferece um exemplo claro de como essas práticas beneficiam a saúde física e emocional da população, atuando de forma preventiva e terapêutica. É lamentável que, em Uberlândia, a prática de TaiChiChuan no Parque do Sabiá tenha sido interrompida. É hora de revitalizar essa iniciativa.

No Espírito Santo e na Bahia, práticas como acupuntura e Lian Gong são adotadas em centros de saúde, beneficiando milhares de pessoas. Mas, para que essa integração seja plena, é fundamental uma regulamentação que contemple tanto profissionais com formação ocidental quanto aqueles dedicados às práticas orientais​.

Novos Horizontes para a Saúde em Uberlândia

O crescimento da MTC no Brasil já comprova seus resultados. A acupuntura, por exemplo, é reconhecida como prática eficaz no tratamento de várias condições. Porém, é essencial que mais municípios adotem a MTC como parte dos serviços de saúde pública.

Cidades como Uberlândia, que possuem uma forte estrutura de saúde, poderiam se beneficiar ainda mais com a adição dessas práticas integrativas de forma completa. A MTC oferece soluções eficazes e de baixo custo, especialmente para o tratamento de doenças crônicas e distúrbios emocionais, muitas vezes subtratados devido à falta de recursos.

Em Uberlândia, o trabalho do IPGU (Instituto de Pós Graduação de Uberlândia) e iniciativas como os cursos gratuitos de Auriculoterapia para profissionais das UAIs têm promovido a expansão da MTC no sistema público municipal.

Mas é preciso muito mais! Uberlândia é uma cidade polo, conhecida por ser vanguarda em vários setores. É hora de sermos protagonistas na saúde, também na implantação da Medicina Chinesa em nossa rede municipal. E temos tudo para isso:

  • profissionais super qualificados formados na cidade;
  • temos um dos melhores institutos de formação em Medicina Tradicional Chinesa e um corpo docente qualificado;
  • temos uma das melhores redes de saúde municipal do país;
  • e pessoas com garra, vontade e determinação para fazer acontecer.

Precisamos no unir para promover o intercâmbio com a China em consonância com a Prefeitura e o SUS. É um passo fundamental para o aprimoramento dos profissionais de Medicina Chinesa da cidade, beneficiando o sistema de saúde municipal e trazendo novas opções de cuidado preventivo e curativo para a população. E vamos ser destaques nacionais também nesta categoria, seguindo o exemplo de Duque de Caxias! Avante, Uberlândia!!!

A integração entre MTC e medicina ocidental não desmerece a última, mas a complementa, oferecendo novas opções de tratamento e prevenindo enfermidades de forma mais acessível. Vamos fazer história integrando nas UAIs profissionais de MTC e sendo referência em qualidade de saúde integrativa! E quem sabe, até promover a inclusão do Curso de Medicina Tradicional Chinesa na UFU em conexão com as Universidades da China!

A Força da Medicina Tradicional Chinesa Unida à Medicina Ocidental

Na China, mais de 4.600 hospitais especializados em MTC operam, chegando a mais de 6.000 com a inclusão de clínicas especializadas. O país também conta com 26 universidades que oferecem cursos em MTC em todos os níveis acadêmicos. Instituições como o Hospital de Huangshan são exemplos de integração profunda entre MTC e medicina ocidental, com mais de 1,28 bilhão de atendimentos anuais, tratando doenças crônicas, saúde mental e reabilitação.

Essa convivência entre as duas medicinas — ocidental e oriental — promove um tratamento holístico, tratando corpo, mente e espírito, uma abordagem que faz total sentido para uma saúde integral.

Possibilidades de Financiamento para Estudos em MTC na China

O governo chinês oferece várias oportunidades de financiamento para quem deseja se especializar em MTC:

  • Bolsas do Governo Chinês (CSC): Oferecem bolsas para graduação, mestrado e doutorado, cobrindo desde mensalidades até despesas de alojamento e um subsídio mensal.
  • Bolsas Universitárias: Universidades renomadas, como a Beijing University of Chinese Medicine e a Shanghai University of Traditional Chinese Medicine, também oferecem bolsas, muitas vezes em parceria com instituições internacionais.
  • Programas de Intercâmbio: Além dos cursos regulares, programas de intercâmbio são uma excelente oportunidade para adquirir conhecimento prático em áreas específicas da MTC.

Essas oportunidades são essenciais para o aprimoramento contínuo dos profissionais brasileiros, permitindo que tragam de volta ao Brasil conhecimentos valiosos para integrar a MTC de forma mais robusta no SUS.

2 Comentários

  • Ana Lessa

    Parabéns Léia! Excelente artigo, você escreve lindamente! Estou ansiosa para ler o próximo!

    • Léia Dornelas

      Gratidão, Ana Lessa! Temos muito trabalho pela frente. Vamos juntos auxiliar a MTC a todos os brasileiros ter acesso ao tratamento pela MTC.

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Léia Dornelas

Especialista em Medicina Tradicional Chinesa e Especialista em Terapia Vibracional Quântica.

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