Diário na China: Entre Modernidade e Tradição, Um Encontro com as Raízes

Minha viagem à China tem sido uma jornada de descobertas profundas, onde o contraste entre a modernidade impressionante e as tradições milenares se entrelaçam de forma intrigante. Ontem, estive no Sanlitun Taikoo Li, em Pequim, um centro comercial grandioso, localizado no coração de uma das áreas mais modernas da cidade. O local é um verdadeiro símbolo do avanço da China: lojas de marcas internacionais, uma arquitetura futurista, e um dinamismo que reflete o poder econômico e a inovação da sociedade atual. Algo que, confesso, me surpreendeu muito – completamente diferente do que eu imaginava.

Moças e rapazes, com roupas e comportamentos ocidentalizados, circulavam pelas avenidas modernas, absorvidos pelo frenético movimento da cidade. Tudo ali é tão moderno, tão rápido, tão conectado ao novo. Tão inesperado!

Caminhar pelas lojas de luxo e observar o ritmo da cidade me fez refletir sobre o quão distante essa realidade parece estar das vilas e montanhas de Huangshan, onde vivi experiências profundamente conectadas à Medicina Tradicional Chinesa (MTC). No entanto, tudo está interligado. A China consegue, de forma única, manter o equilíbrio entre o passado e o presente, o material e o espiritual – algo que a MTC representa perfeitamente.

Se em Pequim eu vi a manifestação física do progresso, em Huangshan pude sentir como o legado da MTC, com suas raízes filosóficas e espirituais, molda a forma de viver e compreender a saúde.

Enquanto Pequim exala modernidade, Huangshan me revelou a beleza serena da tradição. Em meio às suas montanhas e vilas, testemunhei uma China que respira arte, cultura e uma conexão profunda com sua essência.

Fiquei encantada ao ver jovens e crianças à beira do rio, pintando. Um espetáculo para os olhos e para a alma. Centenas de pessoas, de todas as idades, imersas em suas telas, inspiradas pela natureza ao redor. Fiquei tocada pelo fato de que, em um mundo onde tantas tradições parecem se perder, ali as virtudes e talentos são cultivados com carinho. É um incentivo genuíno ao desenvolvimento artístico, algo que ecoa profundamente em meu coração.

Cada experiência que vivo aqui enriquece e amadurece meu entendimento profissional e pessoal. Cada lugar que visito, seja nas ruas movimentadas de Pequim ou nas vilas silenciosas de Chengkan, reflete aspectos da MTC que vou incorporando ao meu trabalho e à minha vida. A arquitetura complexa de Chengkan, com suas três ruas e noventa e nove pistas, segue o princípio do Feng Shui e dos Oito Trigramas, demonstrando que o ambiente em que vivemos é tão importante quanto o que cultivamos internamente.

A grandiosidade do Sanlitun Taikoo Li, com sua energia vibrante, me fez refletir sobre o yin e o yang, o equilíbrio entre os extremos que a MTC tanto valoriza. Assim como a arte e a cultura em Huangshan, a Medicina Chinesa nos convida a reconectar com nossa essência, com a harmonia natural que existe entre corpo, mente e espírito. Esta ciência milenar não é apenas uma técnica, é uma filosofia que nos ensina a ouvir os ritmos da natureza e a viver de acordo com seus princípios.

As tradições estão vivas aqui. No teatro, na música, na pesca ancestral com barcos – um verdadeiro espetáculo que os moradores da vila desempenham com orgulho. Os sorrisos nas ruas, o artesanato local exposto nas lojas, tudo em Huangshan conta uma história que valoriza a sabedoria do passado enquanto se abre para o futuro.

Aqui, entre o passado e o presente, encontro a China verdadeira. Uma China que pulsa com modernidade em Pequim, mas que não perde suas raízes em Huangshan. Uma China que me ensina, todos os dias, que a essência da Medicina Tradicional Chinesa está profundamente entrelaçada com esse espírito de preservação, de cuidado com a cultura e, acima de tudo, com a busca pelo equilíbrio.

Isso vai muito além de entender a MTC como uma técnica de cura; é sobre viver essa filosofia, sentir a energia da terra, das montanhas, dos rios, e reconhecer que a saúde é, acima de tudo, um reflexo de como vivemos em harmonia com o nosso ambiente e com nossa própria essência.